Novos
aeroportos no Brasil: Projetos recentes apresentam uma nova imagem e programa
de atividades para os terminais de passageiros
Por Luiz
Florence
Edição
243 - Junho/2014
Para arquitetos, engenheiros,
clubes de futebol e investidores, o potencial da Copa do Mundo transcende o
futebol e os jogos. Para uma série de mercados brasileiros, o evento é mais
relevante como força motriz de novos negócios de grande porte: comissões de
projeto para escritórios de arquitetura, licitações de grandes obras de
infraestrutura para construtoras de grande porte, expansões de estádio e
profissionalização comercial para clubes de futebol, novas concessões de
operação para grandes empresas e fundos de investimento. Em diferentes áreas da
economia mundial, empresas estrangeiras enxergam o mercado brasileiro como área
potencial de novos empreendimentos e oportunidades, ao mesmo tempo em que
surgem os desafios de um país sem a infraestrutura adequada para um
empreendimento de tal porte.
De fato, a construção e a
modernização dos estádios de futebol representam parte importante não só da
movimentação do capitalismo global, como também uma das imagens fundamentais de
nosso ideário arquitetônico. Os arquitetos medem o fato de projetar um estádio
esportivo como um atestado de maturidade profissional. No Brasil, escritórios
brasileiros e estrangeiros apresentam novas soluções para a arquitetura de
grande porte, seja em estádios ou em grandes obras de renovação de
infraestrutura de transporte, como o Porto Maravilha no Rio de Janeiro. E o que
dizer dos aeroportos?
Há apreensão sobre se a
organização da Copa do Mundo ou da Olimpíada irá atingir as expectativas
esperadas de um evento que desafia a capacidade de organização do Estado, dos
órgãos de planejamento estratégico e empreendedores e consórcios privados. Os
compromissos firmados pelas concessões criaram desafios de implantar grandes
empreendimentos em menos de dois anos após o seu edital de concorrência.
Qualquer arquiteto ou empreendedor estrangeiro veria tais comprometimentos com
prazos tão apertados quanto irreal ou irresponsável.
A comparação com exemplos
internacionais deixa claro o desafio brasileiro: o aeroporto de Shenzhen, na
China, projetado pelo Studio Fuksas, demorou seis anos para ser construído.
Inaugurado no começo de 2014, o aeroporto Chhatrapati Shivaji, em Bombaim,
projetado pelo escritório americano Skidmore, Owens & Merill (SOM), tardou
quase dez anos para ser projetado e construído. Neste aspecto, os aeroportos
brasileiros são frutos de uma carência de planejamento estatal, compensada por
uma grande dose de bravura e recursos (intelectuais ou físicos) para
realizá-los.
AEROPORTOS BRASILEIROS
Nesta geração de novos aeroportos, a proposta da Anac e SAC foi apostar que a qualidade da obra é melhor quando quem constrói irá utilizar o espaço após a inauguração. Mas não foi apenas a garantia de qualidade de execução que motivou o modelo de concessão privada. Nos últimos anos, foram intensas as pressões do setor privado, pela mídia e pela opinião pública pela modernização das instalações aeroportuárias e pela expansão da malha aeroviária. De fato, tanto a Copa do Mundo quanto a Olimpíada estabeleceram metas abstratas. O grande desafio é ganhar tempo perdido, e expandir a mobilidade continental nos próximos anos.
Aeroporto
de Shenzhen, na China, projeto do Studio Fuksas: com a busca de uma imagem
atraente pelas operadoras, projetos internacionais primam pelo rigor estético
de amarrar elementos construtivos, desde os totens de insuflamento de
arcondicionado, ilhas de balcões de check-in, até componentes estruturais
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Após experiências de projeto que
não chegaram a se materializar por razões que excedem os projetos - tal como o projeto
assinado pelo escritório do arquiteto Mario Biselli e pelo escritório
paranaense de Paulo Malucelli para o novo terminal de Guarulhos - a própria
Infraero teve de se reinventar em suas estratégias de administração.
A atual gestão federal propõe a revisão
de um paradigma de gestão aeroportuária, ao quebrar o monopólio da Infraero.
Foram lançados nos últimos anos, com o pretexto de preparativos para os grandes
eventos esportivos, editais de concessão de alguns dos principais aeroportos
brasileiros, dos quais se destacam os aeroportos do Estado de São Paulo. A
Concessão do aeroporto Internacional André Franco Montoro, em Guarulhos (GRU),
foi vencida pelo consórcio Invepar + Acsa (renomeado como GRU Airport),
representado pela construtora OAS. Em Campinas, o Consórcio Aeroportos Brasil,
formado entre as empresas UTC e Triunfo Participações, assumiu a gestão do
Aeroporto Internacional de Viracopos (VCP). Recentemente, a concessão do
Aeroporto Internacional Tom Jobim (antigo Galeão) foi vencida pelo consórcio
das empresas Odebrecht, Queiroz e Andrade Gutierrez.
Projeto de Biselli & Katchborian + Paulo Malucelli para o terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, em SP, inspirado no formato do avião Blackbird SR 71 (2011). O projeto propunha estrutura metálica e steel frame, soluções combinadas para uma construção rápida. O projeto foi engavetado em 2012, depois que a administração do aeroporto passou da Infraero para a o consórcio GRU Airport
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