Florianópolis
lidera lista de cidades com maior número de startups
Considerando o número de habitantes, Florianópolis
é destaque
Publicado
em 14/07/2018 - 17:32
Por Débora
Brito - Repórter da Agência Brasil* Florianópolis
De acordo com levantamento da
Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o maior número de startups no país está
concentrado nos estados de São Paulo (41%), Minas Gerais (12%) e Rio de Janeiro
(9,7%). Entre as capitais, destacam-se em números absolutos São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte, mas quando se considera a proporção de startups em
relação ao número de habitantes, Florianópolis desponta na liderança.
O estado de Santa Catarina
alcançou a liderança no número de startups, empresas de inovação e base
tecnológica. Dados divulgados esta semana pela Associação Catarinense de
Tecnologia (Acate) mostram que a região abriga atualmente mais de 16 mil
empreendedores e o número de empresas de tecnologia subiu 3,42% entre 2015 e
2017. Considerando os últimos 30 anos, o crescimento foi de 10.000%, segundo o
panorama divulgado pela entidade.
A densidade de startups na
capital de Santa Catarina é quase dez vezes maior do que na capital paulista.
Em seguida, figuram outras cidades catarinenses, como Chapecó e Joinville.
Segundo a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) , o setor tecnológico já
representa 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, com um faturamento de
R$ 15,5 bilhões.
“A região tem um histórico grande
na área da tecnologia de informação, principalmente. Tem uma boa rede de
universidades na área de tecnologia e um dos melhores IDHs [índices de
desenvolvimento humano] do Brasil, então, atrai muita gente qualificada com
experiência, numa região onde cresceram muitas empresas de tecnologia nos
últimos 20 anos”, explica Matos.
Por ser uma ilha, onde não podem
ser instaladas indústrias devido à limitação de espaço, Florianópolis deu uma
guinada para o mundo do empreendedorismo e se consolidou como um dos pólos de
inovação tecnológica do país e já vem sendo chamada de um dos vales do
Silício brasileiro, em referência à região dos Estados Unidos que
concentra as grandes empresas norte-americanas de tecnologia.
Startup
Summit, em Florianópolis - Elis Pereira/Sebrae Nacional
O desempenho de Florianópolis
atraiu para a cidade o primeiro grande evento nacional do setor, o Startup
Summit, realizado nos últimos dias 12 e 13 de julho. Mais de 2.300 inscritos
participaram do encontro, entre palestrantes de diferentes empreendimentos e
representantes de instituições que trabalham pelo desenvolvimento de políticas
favoráveis ao mercado de startups.
“A gente não tinha eventos dessa
magnitude voltado só para startup e empreendedorismo, principalmente fora do
grande centro, no caso São Paulo. É a primeira vez que isso acontece. É uma
demonstração de como o setor vem crescendo”, afirmou Felipe Matos, um dos
empreendedores pioneiros de startup no Brasil e integrante do movimento Dínamo
pela articulação de políticas públicas para o setor.
Para o presidente do Sebrae
Nacional, Vinícius Lages , o evento representa um momento de maturidadedo
setor. "O Brasil acabou de ganhar algumas posições no Global Inovation
Index 2018 [ranking mundial de inovação]. A política de inovação foi também
modificada para permitir que, por exemplo, organizações como a nossa participem
com encomendas tecnológicas, tenham uma atuação maior. Estamos longe ainda do
que outros países construíram, tem uma outra metade que precisa ser
desenvolvida, mas posso dizer que o copo está meio cheio”, analisou Lages.
Soluções que deram certo
A primeira tentativa de abrir uma
empresa, ainda no início dos anos 2000, não deu certo para o catarinense Eric
Santos. Depois de seis anos tentando desenvolver diferentes produtos na área de
telefonia celular, Eric percebeu que o negócio não escalonou, mas rendeu
experiência para futuras oportunidades.
Ele fechou a primeira empresa e
passou a trabalhar em algumas startups, até que, em 2011, retomou a ideia de
empreender e abriu a Resultados Digitais (RD), startup de marketing digital que
se tornou referência nacional na oferta para grandes empresas de ferramentas
tecnológicas de conquista de clientes, entre outros produtos.
A empresa surgiu há sete anos,
praticamente junto com o conceito de startup no Brasil. Hoje, a RD tem mais de
600 colaboradores trabalhando em uma sede própria, atende a mais de 10 mil
clientes no Brasil e em outros 20 países e tem parceria com mais de 1.500
agências de negócios.
Além do investimento em educação
na área de marketing, por meio de palestras, eventos, distribuição de conteúdo,
a empresa cresceu apostando em talentos. “Uma das coisas que nós conseguimos
fazer é criar uma escolinha para atrair talentos para dentro do time, formar,
desenvolver a parte técnica, intelectual e ajudar essas pessoas a continuar
crescendo. Boa parte dos líderes da empresa são pessoas que entraram há 4
ou 5 anos e cresceram junto com a empresa. Vários começaram a fazer
outras iniciativas, a empreender ou participar de outras coisas e a gente está
vendo que isso vai plantar várias sementes e frutos serão colhidos ao longo dos
próximos anos”, comenta Eric.
Outra startup catarinense que
ganhou o mercado nacional e atravessou as fronteiras do país foi a Agriness,
que atua há 17 anos no setor de suinocultora. A empresa encontra soluções
tecnológicas de gestão e melhoria de produtividade para produtores de suínos.
Atualmente, a Agriness atende a 90% do mercado brasileiro de suínos, 50% do
mercado da Argentina e já tem entrada em outros países das Américas. A
expectativa da startup é que o negócio cresça ainda mais, considerando a grande
demanda por alimentos no Brasil e no mundo.
“ As agrotechs [startups na área
da agricultura] estão entrando em alta agora, o que eu tenho visto mais
são empresas e financiadoras privadas interessadas em aportar, em investir.
Esses momentos como este aqui [Startup Summit] é que acabam aproximando as
agrotechs e gente que tem os mesmos interesses. Mas, acho que o Brasil ainda
precisa de políticas mais bem estruturadas”, disse Cristina Bittencourt,
cofundadora da Agriness.
Outras regiões
Além de Florianópolis, Curitiba,
Porto Alegre, Brasília, Recife, Fortaleza e Campinas estão na lista das dez
cidades com mais startups do país. A região Norte também apresenta alguns casos
consolidados, como o da startup Só Arquivos, que atua há dez anos no segmento
de guarda e gerenciamento de documentos de grandes empresas.
“Estamos buscando aqui no Startup
Summit poder participar e ingressar num segmento novo, além do conhecimento, a
educação e a oportunidade de gerar parcerias também. Nós achamos muito
interessante a abertura que existe em Santa Catarina, o ecossistema daqui, um
entendimento bom de cooperativismo, de trabalhar em rede que a gente não vê em
outros lugares. É um exemplo até pra ser levado para nosso estado também”,
comentou a empresária amazonense Rosely Campos.
*A
repórter participou do Startup Summit, em Florianópolis, a convite do Sebrae
Nacional
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Edição: Amanda
Cieglinski
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