Terceiro
grande BRT do Rio, Transolímpica atravessa 11 bairros a facilita acesso a
competição esportiva
Novo corredor possui 25 km, dos
quais 13 km serão de vias expressas. Obra teve custo de R$ 2,2 bilhões
Por
Alexandre Raith
Edição
60 - Julho/2016
Uma das principais obras de
mobilidade já realizadas no Rio de Janeiro, o BRT Transolímpica abrirá novas
alternativas de deslocamento em uma cidade que cresceu de forma desordenada e
ao redor de morros que agem como barreiras naturais. O novo corredor tem 25 km de
extensão, sendo 13 km de vias expressas, e avança por 11 bairros, conectando o
Recreio dos Bandeirantes (zona Oeste) a Deodoro (zona Norte).
Além de reestruturar
permanentemente as vias cariocas, o novo BRT (Transporte Rápido por Ônibus, na
sigla em português) foi pensado para auxiliar a fluidez de visitantes e
comitivas ligados aos Jogos Olímpicos. Assim, a via dá acesso à Vila dos
Atletas, ao Parque Olímpico, ao Parque Radical e ao Centro de Hipismo e Tiro.
BRT Transolímpica tem 25 km, sendo 13 km de vias expressas, com duas faixas para carros e uma faixa exclusiva para ônibus articulados |
Este é o terceiro BRT entregue no
Rio como parte do plano de reestruturação da mobilidade urbana impulsionado
pela Copa do Mundo e pela Olimpíada. Os outros dois - Transoeste e Transcarioca
- foram inaugurados em 2012 e 2014, respectivamente, com extensões bem maiores.
A Transolímpica recebeu um
investimento total de R$ 2,2 bilhões. O consórcio ViaRio, formado pelas
empresas Invepar, Odebrecht TransPort e CCR, venceu a licitação realizada pela
prefeitura para implantação e operação por 35 anos.
A obra começou em julho de 2012
e, até o fechamento desta edição, no início de junho, estava com 95% de
conclusão e estimativa de inauguração no fim do mesmo mês. Ao todo, o BRT
contará com três terminais e 18 estações.
Nem toda essa estrutura, porém,
estará funcionando até agosto, durante a Olimpíada. Segundo a Secretaria
Municipal de Transportes, as operações nesse período se limitarão a apenas dois
terminais (Recreio e Centro Olímpico) e a cinco estações (Olof Palme,
RioCentro, Marechal Fontenelle, Magalhães Bastos e Vila Militar). Após os
Jogos, quando a Transolímpica estiver em operação plena, todas as estações
entrarão em funcionamento, informou a secretaria.
Neste primeiro momento, a
abertura das pistas já será suficiente para gerar um efeito perceptível para quem
atravessa a região. A estimativa é que o novo traçado reduza em cerca de 60% o
tempo de viagem diária de 70 mil passageiros dos ônibus articulados e 55 mil
motoristas que trafegam entre Recreio e Deodoro. Em cada sentido, há duas
faixas para carros e uma faixa exclusiva para ônibus.
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Integração
Além do acesso a centros esportivos onde serão realizadas as competições, o BRT facilitará o acesso às arenas localizadas nos bairros de Copacabana e Maracanã por meio de conexões com as linhas de metrô e trem.
Além do acesso a centros esportivos onde serão realizadas as competições, o BRT facilitará o acesso às arenas localizadas nos bairros de Copacabana e Maracanã por meio de conexões com as linhas de metrô e trem.
Os usuários da Transolímpica
poderão fazer a integração com o BRT Transcarioca, em Curicica, e Transoeste,
no Recreio. Outros pontos importantes de conexão são os trens da SuperVia, em
Magalhães Bastos, Vila Militar e Deodoro; e a linha 4 do metrô, via
transferência pela Transoeste.
A malha permitirá também a
integração com o BRT Transbrasil, previsto para ser entregue em 2017. Quando
finalizadas, as quatro linhas de BRTs irão formar um anel viário de 155 km ao
redor da cidade, atendendo a uma demanda antiga para reforçar a infraestrutura
viária do Rio de Janeiro.
"Além de indispensáveis à
realização dos Jogos Olímpicos, os projetos proporcionaram melhorias que
promoveram um inegável ganho de qualidade de vida e ordenamento urbano. Este é
o verdadeiro legado. A malha viária da cidade está se readequando", afirma
Alexandre Pinto, secretário municipal de obras do Rio.
Engenharia
O BRT Transolímpica foi construído com avenidas de ligação em vias
expressas urbanas. Para isso, foram realizadas as etapas de drenagem,
contenção, terraplanagem, pavimentação e acabamento. Ao todo, estão sendo
construídas 41 novas obras de arte especiais, entre viadutos, pontes e
elevados.
Dentre as intervenções de maior
porte está a duplicação da avenida Salvador Allende e a abertura de passagens
pelo Maciço da Pedra Branca, com a construção de dois túneis com quatro
emboques. O caminho será uma alternativa viária à Estrada do Catonho, que faz
uma ligação bastante congestionada entre os bairros da zona Oeste atualmente.
O túnel situado na Serra do
Engelho Velho tem duas galerias, duplo sentido e se estende por 1,3 km. Já o
túnel localizado na Estrada da Boiúna possui duas galerias de 200 m cada.
"O volume de escavação com a
perfuração para a abertura dos dois túneis foi de 350 mil m3 de rocha.
Utilizamos sismógrafos dentro e fora dos túneis, além das casas mais
próximas", explica Severino Garrido Júnior, gerente de engenharia da
concessionária ViaRio.
Traçado passa por 11 bairros, ligando o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro |
Segundo o engenheiro, a equipe
monitorava cada avanço da escavação para medir a velocidade do deslocamento das
partículas e mapear o impacto no entorno. "Nas obras dos túneis, foi feito
um acompanhamento com laser scan, que mapeava em três dimensões o processo
completo de escavação e detonação. Também medimos constantemente a velocidade
do deslocamento do ar e do ruído", conta Garrido Júnior.
Já os viadutos e pontes foram
executados em concreto, com trabalho de mesoestrutura, pilares, vigas e
concreto protendido, além de tabuleiros com vigas de concreto protendido e
lajes pré-fabricadas. Há apenas uma estrutura mista, próxima da avenida Brasil,
devido ao grande vão em curva. As fundações são em microestacas escavadas e
tubulões de ar comprimido.
O impacto da construção do BRT
Transolímpica nas ruas e avenidas que circundam a obra também teve de ser
controlado pelo consórcio. Garrido Júnior afirma que, para minimizar as
interceptações, o trabalho em viadutos e pontes foi realizado em modelos pré-
fabricados transportados em carretas menores. Em função do limite do espaço
urbano, houve também a troca do aterro por estrutura de terra armada, minimizando
o número de desapropriações.
O engenheiro destaca o
planejamento do traçado como o principal desafio da obra, já que o objetivo era
o de minimizar o impacto em avenidas, residências e no meio ambiente. "No
Parque da Pedra Branca, estudamos e encontramos um caminho alternativo, de
menor impacto ambiental. Tivemos controle de ruído monitorado em nove pontos,
gerenciamento de efluentes, resgate de fauna, educação ambiental e
monitoramento arqueológico", relata.
Fluxo contínuo
Por ser um sistema de transporte que utiliza ônibus articulados
transitando por faixas exclusivas e vias sem semáforos, o BRT garante um
ininterrupto fluxo de trânsito. As paradas acontecem apenas nas estações e
terminais fechados, que substituem os pontos de ônibus e contam com catracas de
validação de cartão, o que aumenta a agilidade do embarque e desembarque, que
pode ser feito por qualquer porta do veículo articulado.
Abertura dos túneis na Serra do Engelho Velho e Estrada da Boiúna demandaram a perfuração de 350 mil m³ de rocha. Projeto envolveu construção de 41 obras de artes especiais |
O pagamento da passagem em linhas
de BRTs é realizado por cartões Rio Card e Bilhete Único (RJ e Carioca).
Durante o período de competições esportivas, todos os modais de transporte
local poderão ser acessados pelo Cartão Olímpico, criado pela Prefeitura do Rio
para facilitar a locomoção tanto dos moradores quanto dos turistas - estes
devem representar 53% do total de espectadores.
Estações e terminais
As 18 estações do corredor expresso da Transolímpica estão, em média, a
500 m de distância entre si. Já a localização dos três terminais foi definida
para facilitar as viagens multimodais, com a integração com outras linhas de
BRT, metrô e trem e de ônibus alimentadores.
Segundo o gerente de Vias Especiais da Secretaria
Municipal de Obras do Rio de Janeiro, Eduardo Fagundes, o projeto dos
equipamentos privilegiou a rapidez no embarque e no desembarque dos
passageiros. Por isso, as estações contam com plataformas niveladas com o piso
dos veículos.
"As estações de BRT foram concebidas seguindo
um modelo sustentável e econômico. Na estação, é usada estrutura metálica, com
brise e telhas. Os terminais têm estrutura similar, mas inclui plataformas com
base em concreto para a circulação de pessoas", afirma Fagundes.
"Este sistema facilita a execução, e a estrutura metálica é adequada para
vãos maiores, necessário para acomodar ainda mais pessoas."
Nesse modelo, o projeto priorizou a ventilação
natural dentro das estações, com cobertura longa e captadores eólicos, que
estão sempre virados para o sudoeste. Todos os 18 pontos de embarque e
desembarque são padronizados e compostos por material metálico e telas
completamente vazadas, que também auxiliam na livre passagem de ar.
Perspectiva do Terminal Olímpico. Projeto prioriza a ventilação e a iluminação natural, além de moldes arrojados, que imitam uma árvore |
Outras características do projeto
mantêm o conforto aos passageiros. Fagundes explica que o Terminal Olímpico,
por exemplo, localizado na Barra da Tijuca, é moderno, amplo e metalizado, e se
assemelha a um grande bosque. "Os arbustos, formados por troncos de metal,
material escolhido para racionalizar a obra, contam com copas que se encontram
para formar uma grande cobertura, capaz de promover a sombra necessária ao
espaço de 5 mil m²", conta o gerente.
Com o intuito de produzir a
sensação de amplitude, o Terminal Olímpico tem poucos pilares e ganhou
iluminação cênica totalmente em led, de baixo para cima, com spots na base dos
postes de metal. Já o Terminal do Recreio funciona como local de conexão entre
as linhas Transolímpica, Transcarioca e Transoeste. Em uma área total de 22,6
mil m2, estão distribuídas oito baias e 15 vagas para estacionamento de ônibus
BR T e outros oito abrigos e oito lugares para veículos alimentadores, além de
uma travessia subterrânea.
O Terminal do Recreio está
localizado no trecho Viário do Parque Olímpico, que beneficia a região do
entorno, na Barra da Tijuca. O BRT Transolímpica ainda conta com o Terminal
Sulacap, que serve de ponto de integração com os ônibus alimentadores.
A era dos BRTs
O Transolímpica é o terceiro
grande BRT (Transporte Rápido por Ônibus, na sigla em português) entregue no
Rio de Janeiro, em meio ao plano de reestruturação da mobilidade urbana,
impulsionado pela Copa do Mundo e Olimpíada.
Inaugurado em 2012, o Transoeste
foi o primeiro corredor expresso em operação na cidade. Esta linha é utilizada
por quase 200 mil pessoas e faz conexão com os BRTs Transcarioca e
Transolímpica, além de estações de metrô e trem. A ligação entre o Jardim
Oceânico, na Barra da Tijuca, e os bairros de Santa Cruz e Campo Grande tem 58
km de extensão, 62 estações e três terminais.
Já a Transcarioca, entregue em
2014 para Copa do Mundo, liga o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, ao
Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador. O trajeto passa por
27 bairros e tem 39 km de extensão, por onde passam por dia mais de 300 mil
passageiros, que embarcam e desembarcam em 47 estações e cinco terminais. A
linha tem ligação com o BRT Transolímpica, no Terminal Centro Olímpico, em Curicica,
e o metrô.
Parte das obras viárias
construída para os Jogos Olímpicos, a Transolímpica liga os bairros Recreio dos
Bandeirantes e Deodoro , na zona Oeste. São 18 estações e três terminais ao
longo de 25 km de extensão, sendo metade do trajeto de via expressa. Está
prevista a circulação de 70 mil pessoas por dia.
O último grande BRT será o
Transbrasil, com entrega prevista em 2017. Sua construção está sendo feita ao
longo das avenidas Brasil, Presidente Vargas e Francisco Bicalho, servindo como
via de ligação entre as zonas Oeste, Norte e Centro da cidade. O corredor terá
28 km, sete terminais, 20 estações e 17 passarelas, além de cinco novos
viadutos. Cerca de 800 mil passageiros devem utilizar a futura linha, que terá
conexão com os BRTs Transcarioca e Transolímpica e integração com o metrô e o
trem.
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