Funai faz
contato com índios isolados no Amazonas
Povo da etnia
Korubo vive no extremo oeste do Amazonas
Publicado em 05/04/2019 - 18:46
Por Jonas
Valente – Repórter Agência Brasil Brasília
Uma
equipe da Fundação Nacional do Índio (Funai) fez contato com índios isolados da
etnia Korubo na terra do Vale do Jari, no extremo oeste do Amazonas. A
expedição foi realizada pela preocupação com o risco de conflitos entre esse
povo e os Matís, que também ocupam a região, às margens do Rio Coari. Os dois
povos protagonizaram um conflito na região em 2014, com mortes nos dois lados.
Desde então, representantes Matís solicitam à Funai providências para o
estabelecimento do contato. A tensão permaneceu e aumentou recentemente
com uma reaproximação dos Korubo isolado da área ocupada pelos Matís e com a
possibilidade de uma ação promovida por estes.
“Os
Korubo se distanciaram, queimaram suas malocas. Mas voltaram a aparecer,
visitando as roças Matís e pegando alimentos e ferramentas. Ano passado quase
teve um contato dos Matís”, disse o coordenador de Índios Isolados e e Recém
Contatados da Funai, Bruno da Cunha Arújo.
Expedição
A
realização de uma expedição começou a ser discutida anos atrás. Com o receio do
aumento dos risos de novos conflitos, a Funai decidiu realizá-la. A
equipe começou as buscas pelos índios no
início de março. Alguns Korubo já contatados auxiliaram, bem como
indígenas de outras etnias. Segundo a Funai, os Korubo integraram o grupo
motivados pelo desejo de encontrar parentes e amigos. No último
dia 19, foram encontrados alguns Korubo isolados.Outros representantes da
etnia apareceram ao longo dos dias seguintes,totalizando 34 índios.Segundo
Bruno da Cunha Araújo, coordenador-geral de Índios Isolados e Recém Contatados
da Funai, o diálogo foi estabelecido entre os encontrados e os indígenas
integrantes da expedição.
Uma
equipe de 28 pessoas continua no local para monitorar o caso, dar apoio no
atendimento à saúde, como vacinação, e buscar uma interlocução para
resolver o conflito com os Matís. Além dos integrantes da expedição, há também
uma unidade da Funai na região, denominada Frente de Proteção Ambiental do Vale
do Javari. Segundo o coordenador da Funai, eles pediram aos Korubo isolados que
se distanciassem, o que teria tido uma resposta preliminar positiva. Mas o
grande desafio, de acordo com o representante da instituição, é encontrar
formas para que a etnia e os Matís possam conviver e ocupar a área sem riscos de
conflitos.
Interlocução
“Estamos
estabelecendo interlocução. Eles falam que vão descer o rio cerca de 10
quilômetros, 15 quilômetros. Mas o que resolve é o diálogo, e não é a distância
em si. O nosso papel é tentar facilitar esse diálogo”, explica Bruno da Cunha
Araújo. Segundo ele, este processo pode durar meses, ou até mais de um ano.No domingo
(07), o grupo será substituído por uma outra equipe, que já está na região se
preparando para assumir a expedição. Eles permanecerão lá por 40 dias. Ao longo
desse período, manterão o monitoramento e os esforços de interlocução com as
duas etnias, bem como o atendimento de saúde.
Araújo
destacou que um ponto importante para que esse trabalho continue sendo
feito é garantir estrutura para a unidade da Funai no local. São necessários
recursos para viabilizar custos como combustível para o deslocamento dos
técnicos, comida para dar suporte às equipes e verba para contratar indígenas
experientes.
Saiba mais
Edição: Renata Giraldi
Tags: ÍNDIOS ISOLADOSFUNAI
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