Desmatamento
é principal preocupação do brasileiro, revela pesquisa
Publicado em 10/06/2019 - 17:14
Por Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A
pesquisa global Earth Day 2019, realizada pela Ipsos, entre os dias
22 de fevereiro e 8 de março deste ano, revela que o desmatamento lidera entre
as preocupações demonstradas pelos brasileiros com relação ao meio ambiente. A
sondagem foi feita em 28 países, com 19,5 mil entrevistados, sendo mil
brasileiros. O desmatamento foi considerado o tema mais importante por 53% dos
consultados. Em termos mundiais, o tema prioritário é o aquecimento global, com
37% das respostas.
"O
aquecimento global é também um dos temas importantes no Brasil, mas o que chama
mais atenção é o desmatamento, que é muito mais mencionado no Brasil do que na
média global", disse a diretora de Negócios na Ipsos, Karen Klas, em
entrevista à Agência Brasil. Karen
disse que a resposta dos brasileiros foi uma combinação da quantidade de
reservas naturais do país, da visibilidade que a Amazônia tem nesse sentido e,
também, das discussões em relação às políticas adotadas pelo governo. Na
Rússia, que tem áreas maiores de florestas que o Brasil, apenas 20% dos
entrevistados veem o tema do desmatamento como prioridade.
Em
segundo lugar, no Brasil, aparece a poluição da água (44%), seguida de como
lidar com os resíduos produzidos (36%), aquecimento global (29%) e esgotamento
de recursos naturais (23%). O problema das enchentes foi mencionado por 18% dos
entrevistados, ou seja, por dois em cada dez brasileiros, constituindo o dobro
da média global de 9% para esse item.
No resto
do mundo, os temas apontados como os mais preocupantes na questão ambiental
foram poluição do ar (35%), como lidar com o lixo que produzimos (34%),
poluição da água (25%). O desmatamento só aparece em 5º lugar no ranking global
da Ipsos, com 24%.
Poluição e lixo
Karen
Klas destacou que a poluição da água é um tema que está muito próximo da
quantidade de lixo gerada pela população. Os resíduos não reciclados preocupam
também os brasileiros. Nove em cada dez entrevistados no país, ou cerca de 89%,
estão preocupados ou muito preocupados com os efeitos que embalagens plásticas,
como sacos e outros objetos que não podem ser reciclados, provocam no meio
ambiente.
"Há
um potencial bastante alto dos brasileiros preocupado com isso", disse.
Os muito
preocupados chegam a 60%. Em termos globais, 81% dos consultados estão
preocupados com o tema. Karen salientou que quanto mais esse tema for debatido
pelas pessoas, mais elas entendem que isso pode ter um impacto negativo em suas
vidas e no mundo.
Em
contrapartida, nem todos estão dispostos a atuar para corrigir esse problema.
Quando perguntados de quem seria a responsabilidade pelo problema das
embalagens plásticas, a maior menção é que todos têm responsabilidade (40%). Em
seguida, vêm os fabricantes, isto é, a indústria, com 19%, e o governo, com
15%.
"Mas
quando a gente perguntava o que você, pessoalmente, estaria disposto a fazer,
não necessariamente o brasileiro está tão em linha com a média global. Por
exemplo, comprar produtos de materiais reciclados, a gente está um pouco mais
disposto que o restante do mundo. Mas quando a gente fala de reutilizar
materiais que são descartáveis, entre os 28 países listados, o Brasil está em
14º lugar. Então, não é uma prioridade tão grande quando a gente fala de
mudanças pessoais de comportamento".
Apenas
12% dos brasileiros investiriam recursos próprios para estimular marcas que
usam embalagens recicláveis e só 11% estariam dispostos a pagar mais impostos
para a melhoria de estações de reciclagem, destacou Karen.
Para 48%
dos brasileiros, a principal forma de reduzir os impactos é forçar o governo
local a gastar mais com reciclagem para que mais itens possam passar por esse
tratamento. A média global foi 46%. No Brasil, os entrevistados acreditam mais
nas campanhas de conscientização pública (40%) do que o restante do mundo
(27%).
Preocupação geral
A
pesquisa não traçou um ranking de preocupação geral.
Entretanto, revela que a preocupação varia de país a país, de acordo com o tema
apresentado. Enquanto no Brasil o tema principal é o desmatamento, o Japão
lidera em termos de aquecimento global, com 52% das respostas, contra a média
global de 37%. Na poluição do ar, a Coreia do Sul se mostra mais preocupada,
com 70%, contra média de 35%.
Karen
Klas salientou que nas perguntas relacionadas ao uso de fontes alternativas de
energia no futuro, o Japão volta a liderar, com 47%, versus média global de
22%. Neste caso, o Brasil está entre os países que menos mencionam as energias
renováveis entre as suas preocupações, com somente 8% das respostas.
A ideia
da Ipsos é fazer esse tipo de pesquisa uma vez por ano, no mesmo período, para
entender o andamento do tema da sustentabilidade. A Ipsos é uma empresa de
pesquisa de mercado independente, presente em 89 países.
Edição: Fernando Fraga
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