Para ONU,
Brasil deve seguir debate sobre plásticos descartáveis
Publicado em 06/06/2018 - 20:30
Por
Léo Rodrigues - Repórter da Agência
Brasil Rio de Janeiro
O debate
sobre a proibição de produtos plásticos descartáveis, que vem ganhando força na
União Europeia, serve de exemplo para o Brasil. A avaliação é da representante
no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio
Ambiente), Denise Hamú.
"Não é
só para alarmar a todos, mas pra mostrar e conscientizar que uma ação simples,
de usar um material por três segundos, vai impactar na natureza ou no oceano
por 200 anos", diz ela.
Denise
explica que, no Brasil, o desafio atual é conscientizar os municípios. Em sua
avaliação, a questão territorial dificulta a implementação de políticas de
abrangência nacional envolvendo os produtos plásticos. Entretanto, ela alerta
se tratar de uma questão urgente para um país que possui mais de 9 mil
quilômetros de litoral. "Se não fizermos nada agora, daqui a 50 anos
teremos mais plástico no mar do que peixes".
Na semana
passada, a Comissão Europeia propôs a proibição da comercialização de produtos
de plástico descartáveis que são usados apenas uma vez e que possuem
alternativas com materiais ambientalmente mais sustentáveis ou biodegradáveis.
Entre eles, estão cotonetes, canudos, garrafas, mexedores de café e talheres.
A proposta
foi motivada pela preocupação com o acúmulo de lixo nos oceanos, que coloca em
risco a vida marinha. Também foi sugerida uma meta segundo a qual os países do
bloco ficariam comprometidos com iniciativas que os tornem capazes de coletar e
reciclar 90% das garrafas plásticas até 2025.
A poluição provocada pelos plásticos
é uma tragédia ambiental global que contamina o solo e os mares - Photo:
Martine Perret/ONU Meio Ambiente
Campanha
A ONU Meio
Ambiente realizou hoje (6) um evento no Aquário Marinho do Rio de Janeiro
(AquaRio), para conscientizar as pessoas a diminuírem o uso de canudos, sacolas
e copos descartáveis. Foram entregues medalhas a escoteiros que assumiram esse
desafio junto com suas famílias. No evento, o Grupo Cataratas, gestor do
AquaRio e também dos parques nacionais do Corcovado, das Cataratas do Iguaçu,
de Fernando de Noronha e das Três Fronteiras, anunciou o início de uma campanha
com a meta de reduzir em 80% o plástico utilizado nos locais que administra.
O slogan da
campanha será "Se não der para reutilizar, recuse". "Todo
plástico produzido na humanidade até hoje continua existindo. Nossos
filhos, netos e bisnetos vão conviver com a garrafinha que estamos
usando hoje", diz Fernando Souza, diretor de sustentabilidade do
Grupo Cataratas. Seu raciocínio leva em conta que o primeiro plástico sintético
foi desenvolvido em 1907 e que o material leva centenas de anos para se
decompor. Segundo o diretor, os quatro parques nacionais recebem anualmente
cerca de 4 milhões de turistas, que geram quase 15 toneladas de resíduos
plásticos.
O AquaRio
também irá inaugurar nos próximos dias uma exposição em que os peixes de três
tanques serão substituídos por embalagens plásticas, revelando o futuro dos
oceanos caso a produção desses materiais não seja reduzida. Conforme dados da
ONU Meio Ambiente, somente no Brasil, 720 milhões de copos descartáveis são
utilizados diariamente. A agência também aponta que metade de todos os produtos
plásticos são utilizados uma única vez antes de serem jogados no lixo.
* Colaborou Tâmara Freire -
Repórter da Rádio Nacional do Rio de Janeiro
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Edição: Sabrina Craide
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