Governo
agiu com cuidado para não afetar turismo, diz Salles
Ministro foi à comissão da Câmara falar sobre óleo
no Nordeste
Publicado
em 06/11/2019 - 17:52
Por Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil Brasília
O ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, disse hoje (6), que agiu de forma a não criar alarmismo ao
divulgar informações relativas ao avanço da mancha de óleo que já atingiu nove
estados do Nordeste e ameaça chegar ao Espírito Santo. Segundo o ministro, uma
das razões para o "cuidado" com as informações é não prejudicar o
turismo na Região Nordeste
“Nosso esforço foi para dar
sobriedade à informação a respeito dos pontos de toque do óleo”, disse Salles
ao participar de uma reunião conjunta das comissões da Amazônia, Integração
Nacional e Desenvolvimento Regional e de Trabalho, Administração e Serviço
Público da Câmara dos Deputados.
“Nossa preocupação desde o começo
foi não criar informações que encorajassem um impacto ainda maior no turismo da
região, que precisa dos turistas”, acrescentou, garantindo que todas as medidas
de identificação e monitoramento do óleo foram adotadas tão logo ficou claro a
dimensão do problema.
Derramamento de óleo já chegou a nove prais do
Nordeste - Reuters/Alisson Frazão/Direitos reservados
Ao mencionar a dificuldade de
identificar a origem e os responsáveis pelo óleo e, principalmente, de estimar
o volume do produto que ainda pode estar disperso em alto-mar, ao sabor das
correntes marítimas, Salles destacou a preocupação do governo com o necessário
“equilíbrio” na forma de comunicar as informações técnicas para o público em
geral.
“Isso tem que ser feito com todo
o cuidado para não criar uma falsa sensação de que todo o Nordeste estava sendo
atingido por manchas de óleo, ao mesmo tempo”, disse Salles, voltando a repetir
que, devido às características do produto - que tende a ser carregado pela
força das correntes marítimas abaixo da superfície do oceano, não podendo ser
visualizado durante sobrevoos e, na maior parte do tempo, nem mesmo por imagens
de satélite -, é muito difícil recolhê-lo antes que ele chegue à costa.
“Em cada momento [em que
fragmentos do óleo atingiram pontos específicos do litoral nordestino], as
equipes fizeram o imediato recolhimento, contando com os esforços de várias
entidades e grupos de voluntários”, acrescentou Salles. “Nos esforçamos para
deixar claro que, uma vez retirado o óleo das praias, pode-se restabelecer o
trânsito de turistas e a fruição da área. Porque esta é justamente a região que
depende do turismo”.
Providências
Organizada para que o ministro
esclarecesse as providências que o governo federal vem adotando para conter a
poluição de praias, manguezais, costões, desembocaduras de rios e outros habitats,
e para identificar e cobrar os responsáveis, a reunião conjunta das comissões
durou quase três horas. E foi marcada por um intenso embate ideológico entre a
base de apoio do governo e a oposição, que acusou o Ministério de Meio Ambiente
de ter demorado a tomar as medidas necessárias.
Salles rebateu alegando que,
mesmo tendo sido surpreendido por um vazamento sem paralelo no hemisfério
ocidental, o governo tomou as medidas possíveis, inclusive solicitando apoio de
organismos internacionais e de outros países. O ministro admitiu que a Marinha
e os órgãos ambientais poderiam estar melhor equipados “não fosse pelas
restrições orçamentárias impostas ao longo de tantos anos” devido à crise
econômica resultante, segundo ele, do “gasto de dinheiro público em outras
finalidades que não as ações essenciais do Estado”.
O ministro também voltou a acusar
a Venezuela de não colaborar com o governo brasileiro. Segundo Salles, a única
certeza que se tem até o momento é que o óleo recolhido no litoral foi extraído
de poços petrolíferos venezuelanos. “Quando dissemos que o óleo era
venezuelano, houve um movimento para que não o fizéssemos. Por que não? É óleo
venezuelano, sim. Óleo que vem de um país que não controla para onde vende seu
óleo porque faliu graças ao modelo econômico”, disse Salles. “Não há dados para
quem o país vende seu petróleo. Pedimos a colaboração via OEA [Organização dos
Estados Americanos] e até onde sei, até o presente momento, não houve sequer
resposta”.
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Edição: Fernando
Fraga
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