BNDES tem R$ 140
bilhões disponíveis para financiamento e crédito
Situação de
liquidez é estável e confortável, diz presidente do banco
Publicado em
11/03/2020 - 18:05 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil -
Rio de Janeiro
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Gustavo Montezano, afirmou hoje (11) que o banco está em uma situação
estável e superconfortável de liquidez e de capital para atender aos pedidos de
financiamento e crédito. Segundo Montezano, este ano, estão disponíveis R$ 140
bilhões.
Além disso, o BNDES pode incluir no valor cerca de R$ 30 bilhões de um
total de R$ 100 bilhões que deve receber ao longo do ano. “Ainda tem um volume
substancial de recursos aumentando a liquidez do banco.”
Montezano destacou que não está em cogitação o lançamento de novos
produtos ou de linhas de crédito. Ele disse que, por enquanto, a instituição
não vai tomar medidas emergenciais para combater os efeitos do coronavírus na
economia, mas assegurou que as linhas continuam abertas.
“Não há qualquer alteração de critério. Não há qualquer interrupção
de fluxo, muito pelo contrário. Se houver um aumento de demanda aqui no banco
por conta de clientes procurando alternativas de liquidez, teremos o maior
prazer em atender. Temos capital e caixa de sobra para fazê-lo”, ressaltou.
Os resultados do BNDES
no ano passado foram apresentados nesta segunda-feira na sede da instituição,
no centro do Rio.
Tesouro
Neste ano, o BNDES tem ainda o compromisso de fazer pagamentos
ordinários de R$ 16,7 bilhões à União sobre empréstimos regulares.
Montezano informou que o banco ainda está discutindo com o Tesouro
Nacional o volume de devoluções antecipadas neste ano. “No cenário atual, pode
ser mais prudente esperar para dar o número total de devolução no ano. Talvez a
gente faça parcela a parcela, não divulgado um valor do ano inteiro,
justamente, para poder prever contra a crise”, concluiu.
Volatilidade
Para Montezano, a venda de participações societárias que favoreceu o
lucro líquido recorde registrado em 2019 se mostrou uma decisão acertada,
especialmente neste momento em que o mercado mundial enfrenta os efeitos do
coronavírus e de grande volatilidade. “Esse momento de volatilidade do mercado
nos lembra da importância e do papel contracíclico do BNDES no sistema
financeiro e para a sociedade.”
Ele acrescentou que essa estratégia permite ao BNDES ter mais garantias
para atuar em situação de emergência, caso a situação da economia mundial se
agrave, uma vez que não terá o peso de carregar ações que possam sofrer com as
variações do mercado.
“Nessas horas em que o mercado, entre aspas, balança e fica mais
inseguro, a presença do BNDES como um seguro para o sistema brasileiro torna-se
mais importante. Daí a importância de reduzir a exposição à carteira de renda
variável. Temos batido nessa tecla há seis meses. De forma muito bem-sucedida,
fomos rápidos e ágeis e conseguimos nos antecipar a essa queda disruptiva do
mercado em reduzir em R$ 24 bilhões, ainda neste ano, a nossa exposição em
bolsa, e isso fez uma baita diferença para o banco”, disse Montezano.
Para atuar como um “amortecedor” da crise, caso a situação se agrave,
Montezano afirmou que as linhas de crédito estão mantidas “tão disponíveis e
competitivas” como estavam há um mês. “Não alteramos qualquer condição de
linha. Continuamos aprovando as operações com o mesmo critério. Não tem
qualquer descontinuidade aos clientes do banco. Isso sim é uma figura
contracíclica, isso sim é um amortecedor. [Para] aquele cliente que está com
plano de investimentos, de infraestrutura, de repasse, que está com uma
operação protocolada, nada muda, e a gente provém, assim, uma estabilidade
relevante e substancial nesses momentos em que o mercado fica um pouco mais
volátil.”
Ele ressaltou que o papel contracíclico da instituição neste momento é
manter as linhas abertas e inalteradas. "Temos hoje dois clientes
principais na nossa carteira de crédito. Primeiro, a pequena e a microempresa,
que atuam através de repasses, os quais foram responsáveis por 46% da nossa
carteira, e as linhas de infraestrutura que, junto com a exportação, foram
responsáveis por 72% do volume de grandes empresas. Essas linhas continuam
abertas, inalteradas e disponíveis.”
Edição: Nádia Franco
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